Debrucei o olhar sobre muro,
vejo o sol despencar para o ermo
A luz de repente se fez
breu, o deserto se fez porto, fez-se termo
Arrancou do Oásis a alegria,
o cais da fantasia.
Caminhei suavemente pela
praia, o mar assustador a reclamar
Vinham ondas esmurrando
velhas pedras
As espumas deslizavam sobre
areia
A imagem de infinita beleza
Fez de mim um fantasma ou
sereia
Despertei com o bando das
gaivotas
O seu canto sinistro traz o
grito que assusta
Aves loucas, abrem as asas,
voam baixo,
No mergulho vão ao fundo,
fisgam o pão de cada dia
O alimento a fome sacia
Vence o forte, na cadeia
alimentar
Eu aqui no meu breve passear
Busco um cais onde eu possa
aportar
Aprendi que sobrevive o que
saiba se cuidar
A Natureza, reza a carta,
que é perfeita
Traz o peixe e ensina a
pescar
Roga ao homem que preserve o
velho mar.
Vera Passos – Salvador-BA