terça-feira, 22 de setembro de 2015

Candombá



Entre as pedrera qui incerra
Nos seus veio a turmalina,
Nas Lavra diamantina,
Naqueles confins da terra,
Nas brecha sêca da serra
Qui o só veve a quemá,
Naquelas banda de lá
Do mau fadado sertão,
Onde o ano todo é verão,
É qui nasce o candombá.
.
No sertão sem lei, sem nada,
Onde toda prantação
E tombem a criação
Morreu tudo isturricada,
Na terra sêca, quemada,
É qui nace o candombá
Qui serve pra se quemá
E acendê os fugão,
Candombá é no sertão
O gás do povo de lá.
.
Sertão qui quando hai fartura
Num hai terra mais mio,
Fruita é pra se inche mocó,
Requejão e rapadura,
Os home num tem usura
E as muié é uns amo;
Hai sempre bons cantado
Qui Cuma uma queda d’água,
Vão chorano suas máguas
E cantano suas dô.
.
Mas se hai seca, farta tudo,
Derna do pão a justiça
Num tem doto nem puliça,
Nem instrução nem istudo,
Os guverno sempre mudo,
Num se tem pronde apelá
O povo bom a pená
De mulambo é qui se cobre
E a vida sêca do pobre
É Cuma a do camdombá.
.
E a sêca firme demora
Cum toda a sua mardade
E entonce a felicidade
Diz adeus e vai-se embora
A fome diz “tá na hora”
E os home de pusição
Qui nos tempo de inleição
Abraça o povo se rino
Vão tudo se assumino
Sem alma, sem coração.
.
Candombá, dá providença.
Faz o teu fogo queimá,
Ou pulo menos isquentá
Dos guverno a indiferença
Queima os papé das pendença
Dos vidraçados salão,
Reduz à cinza os ladrão
E mostra no teu luzi
Qui nos mapa do Brasi
Tombém ixeste o sertão.

Tude Celestino – Santo Amaro de Ipitanga-BA

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