Era um mês de Novembro
De vez enquano me alembro
O sertão seco, isturricado
A mode qui a natureza
Isquicida da pobreza
Tombém se isqueceu do gado.
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De vez enquano me alembro
O sertão seco, isturricado
A mode qui a natureza
Isquicida da pobreza
Tombém se isqueceu do gado.
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Os home tudo ismuricido
Os gado magro, incuiído,
A criação se acabano
E chuva, nem um caroço
Num quêra sabê, seu moço,
Cuma tava o fim do ano.
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Os gado magro, incuiído,
A criação se acabano
E chuva, nem um caroço
Num quêra sabê, seu moço,
Cuma tava o fim do ano.
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O sertão de Curaçá era o sertão
Da amargura, era o sertão da tortura
Dos home e dos animá
Afiná chegô Dezembro
Tombém nunca isquici
Sempre, sempre me alembro.
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Da amargura, era o sertão da tortura
Dos home e dos animá
Afiná chegô Dezembro
Tombém nunca isquici
Sempre, sempre me alembro.
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O vento norte assoprô
Duas cauã gaguejaro
Dois tôro magro berraro
E João corta-pau cantô.
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Duas cauã gaguejaro
Dois tôro magro berraro
E João corta-pau cantô.
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A mãe da lua assentada
Meia noite, madrugada
Cantava sanoramente
In riba d’uma aruêra
Sozinha, sem cumpanhêra,
Feito arma penitente.
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Meia noite, madrugada
Cantava sanoramente
In riba d’uma aruêra
Sozinha, sem cumpanhêra,
Feito arma penitente.
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Um caboré piadoso
Tamém cantava choroso
A musca dos caboré
Cantava se lastimano
Eu juro, tarvez, cramano
A setuação crué.
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Tamém cantava choroso
A musca dos caboré
Cantava se lastimano
Eu juro, tarvez, cramano
A setuação crué.
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Uma juriti bem dengosa
Tamém cantava chorosa
Na rebancêra do rio
Tão triste que paricia
O saluço da agunia
De u’a mãe quano perde um fio.
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Tamém cantava chorosa
Na rebancêra do rio
Tão triste que paricia
O saluço da agunia
De u’a mãe quano perde um fio.
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Já quase ao manhecê do dia
Muito longe a gente uvia
O gemê de um congo dêma
Na chapada a sariêma
Sardava o sór qui nacia.
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Muito longe a gente uvia
O gemê de um congo dêma
Na chapada a sariêma
Sardava o sór qui nacia.
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Pur roda do meio dia
A rente oiava, a rente via
Muita nuvem isgandaiada
E o vento norte e o do su
Cuma dois jaracuçu
Se enrolano na chapada.
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A rente oiava, a rente via
Muita nuvem isgandaiada
E o vento norte e o do su
Cuma dois jaracuçu
Se enrolano na chapada.
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Siná de chuva, patrão
Siná de chuva in riba de meu sertão
Vamicê num viu o siná?
Os dois vento guerriano
Os toro magro, berrano,
Os pássuro tudo cantano,
Tem mais o qui suspeitá?
.
Siná de chuva in riba de meu sertão
Vamicê num viu o siná?
Os dois vento guerriano
Os toro magro, berrano,
Os pássuro tudo cantano,
Tem mais o qui suspeitá?
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No setão nós tem mais fé
Nos canto dos caboré
Nas cauã, nas juriti
Do que nos mais perparado
Dos caboco mais letrado
Qui vamicês tem aqui.
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Nos canto dos caboré
Nas cauã, nas juriti
Do que nos mais perparado
Dos caboco mais letrado
Qui vamicês tem aqui.
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Por que as vêiz os armanaque erra
Mas os pássaro da minha terra
Nunca erraro, eu nunca vi
Eu aposto inté o cangote
No sabiá e nos três pote
E no canto da juriti.
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Mas os pássaro da minha terra
Nunca erraro, eu nunca vi
Eu aposto inté o cangote
No sabiá e nos três pote
E no canto da juriti.
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Porque se eles abre o bico cantano,
Vá logo se aperparano
Não percisa nem siná
Empaie a sua paióça
Conserte a cerca da roça
Qui a chuva ta pá chega.
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Vá logo se aperparano
Não percisa nem siná
Empaie a sua paióça
Conserte a cerca da roça
Qui a chuva ta pá chega.
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E dispois da chuva chuvida
A caatinga arrevestida
De foia roxa, patrão
Se acaba toda tristeza
Quano a santa naturezao
Darrama a água no chão.
A caatinga arrevestida
De foia roxa, patrão
Se acaba toda tristeza
Quano a santa naturezao
Darrama a água no chão.
Benevides Curaçá – Santo Amaro de Ipitanga-BA
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